domingo, 30 de novembro de 2008

DESCANTO

Vamos, vamos! Continuemos.
Alguém inventou que é preciso.
Embora meu corpo queira se acomodar como uma estrela de morte,
tragando toda a luz numa fome que é também preguiça.
Mas nem isso, irmãos!
Nem a inveja dos astros, esta carniça.
Só umas palavras pelo vício humano de entender
o que a carne come, porque come e quando.
Ah, tempo! Como ando?
As palavras de ordem querem me tirar do se de uma hora que dorme.
Minha sede vagabunda de não ser além,
de ser um aqui puro e tão somente,
uma semente de possíveis que reste quieta em seu retiro,
um número primo sem rima, uma réstia contra o vampiro.
Vamos, vamos! Leve-me então, amigo.
Seja um convite da espécie,
seja um alvite de estrela.
Queira-me aqui, só por dizer, sem querer.
Leve-me, leve-me!
Meu descanso é negro,
meu descanto, pleno.

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