Hoje eu me sinto musical. Andei no ritmo certo, falei com o timbre necessário, respirei igual diante do desejo e da dor. Até cantei.
Senti saudades, revivi a infância com esperança e nostalgia para equilibrar meus mortos e os amores que ainda não sei.
Hoje eu agitei antes de usar, sacodi a poeira e dei a volta por baixo, e desdisse as instruções de uso e os adágios populares.
Tive raiva e compaixão. Pelas mesmas pessoas ilusoriamente próximas e pelos mesmos desconhecidos de coração. Acenei de leve para os compromissos e para os impulsos. Rendi-me e ergui-me. Trepei com a rua e vomitei em seu colo.
Falei com os amigos como se fosse sem querer e acariciei um cão qualquer como se ele fosse a origem do infinito.
Consegui ser cada um e ninguém, sem que ao menos tentasse algum ser. Soube quem sou e me ceguei.
Combato o tédio de amanhã, renovando algum grão de curiosidade, e não me encanto na ansiedade da incerteza do bom e do mau que enfrentarei certamente.
Por ora é só. Por ora é tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário