domingo, 7 de dezembro de 2008

um sonho lúcido



"if you're ever feeling blue then write another song about your dream of horses"



O rapaz descobre que a escrita tem poder. Sozinho, com as palavras e imagens de mundos tantos, arde pelo contato com as pessoas, as essências. Regendo uma sinfonia infinita de guitarras, tatuagens, traços primais, ele descobre que nada do que disseram era tão importante quanto o gesto livre de seu corpo agora.

Falo com quem quiser, falo o que quiser, poderei descobrir e defender um eu, alguém para preencher o abismo desta liberdade que, às vezes, nesses quadrados cheios de lembranças em que nos trancamos, me faz chorar. Crio dramas com palavras. Descubro que a alma é criada no abrir da boca. Agora sigo o gesto livre que me suspira o coração, já nem sei se triste ou feliz. Os nomes das coisas são todos ilusões, inclusive sentimento. Eu queria este calor comigo agora. As guitarras continuam, ninguém vai parar por você agora. Não adianta pedir. Há garotos cheios de fé e loucura lá fora. Nosso céu é o mesmo.
E eu que não acredito senão que tudo isso é ficção? Atraio as pessoas que, como eu, criam seus próprios rituais, que vislumbram um rito circular em cada momento, até no tedio. Eu sei, tudo isso porque você quer acreditar na poesia hoje também, embora o sol e a chuva e o desejo sejam mais absolutos. Já morremos tanto nos últimos tempos que podemos enfim praticar uma série simples de atos inocentes. Não temos que salvar as pessoas. Ouvimos suas histórias. Distribuímos calor e frio.
Mas, se eu estivesse em silêncio com você agora, tudo não seria mais que um solo de guitarra. Sonhamos grande ou eles é que sonham pouco? Em todo caso, vamos cantar Belle & Sebastian.

Um comentário: