quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

viniciano

Amor, palavra primeira, reza despreocupada, aguçamento do sentido amor. Medo da morte, da pressa, do fim da liberdade. Até longe, amor bem-vindo! Até a eternidade, caro capricho! A onda agora ainda está na maré que desce e sobe. Falamos de sexo, esquecemos a palavra sexo. Prazer em conhecê-lo.

Só ama quem suporta o silêncio da espera, quem conhece a hora da partida. Aos outros, os meus respeitos. A todos nós, a paciência de quem sabe que vive e por isso mesmo esquece de viver. É preciso ter a paciência do cego para viver.

Seria lindo se todo mundo estivesse presente no quarto do adeus, na partida das horas, no fim do mundo. Por enquanto, crescer e multiplicar, e eu querendo a simplicidade do que não se pode dizer. O fim do mundo. Os olhos abertos ao espanto primeiro, entre a dor de nascer e o prazer de sorrir. Lá e cá, sempre assumir-se antes da morte. Há sua graça.

Nada é fatal na beira do mundo, na praia, no céu, no espaço infinito. A vida é doce que rebate no estômago, e eu acredito nos sonhos mais lindos. Por que não? Também sou rebelde, sou bicho do mato que sabe cruzar um deserto, onde as palavras calam.

Gosto do silêncio da certeza de sentir. Gosto da paz dos caminhos. Gosto do encanto do instante, da rima fácil, do ritmo de qualquer um. Cada um no seu reino de amor. Cada um no seu veneno de orgulho. Quem ama mais, chora mais; quem sofre mais, tem que aprender os truques de todos os sorrisos, de todos os corpos. Pra que sofrer, minha gente? Pra que amar? Para que perguntar? O amor é a única vida em que meu ser não pensa. Por isso só dá para amar recebendo cuidados, como a criança que nada aprendeu. O resto é praga, teste de sobrevivência, castigo imposto e aceite. O amor não sei. É mistério solvente, luz movente, morte contente.

Mas, por enquanto, vai ficando a eternidade.

(janeiro/2010)

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