- Por que você é tão formal? Não pode deixar o passado esquecido?
- Venha cá, Maria. Venha! Olhe-se nesse espelho. Você é bonita. Provavelmente, mais bonita do que antes. Mas você também mudou muito. Quero que veja como mudou. Agora seus olhos lançam olhares rápidos e calculistas. Você olhava para frente, diretamente, abertamente, sem máscaras. Sua boca assumiu uma expressão de descontentamento e fome. Era tão macia. Sua pele agora é pálida. Você usa maquiagem. Sua testa bonita, ampla, agora tem quatro rugas sobre cada sobrancelha. Não, não dá pra ver nessa luz, mas se vê à luz do dia. Sabe o que causou essas rugas?
- Não.
- Indiferença, Maria. E essa linha fina que vai da orelha ao queixo não é mais tão óbvia, mas é esboçada pelo seu jeito despreocupado e indolente. E lá, na ponta do seu nariz... Por que você escarnece com tanta freqüência, Maria? Está vendo? Você escarnece demais. Vê, Maria? E olhe sob seus olhos. As linhas agudas e quase invisíveis da sua impaciência e do seu tédio.
- Pode ver mesmo tudo isso no meu rosto?
- Não, mas senti isso quando me beijou.
- Acho que está brincando comigo. O que está vendo é evidente.
- É mesmo? O quê?
- Você mesmo. Porque somos tão parecidos, você e eu.
- Fala... do egoísmo? Da frieza? Da indiferença?
- Costumo achar seus comentários tediosos.
- Não há absolvição para você e para mim.
- Não tenho nenhuma necessidade de ser perdoada.
ssisti o filme hoje e foi exatamente o dialogo que escrevi no meu caderno, rs. :)
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