sexta-feira, 24 de junho de 2011
ENTRE AS MARGENS
Arrogantes os cultos, orgulhosos os incultos.
Indiferentes os ricos, invejosos os pobres.
Entediados os experientes, eufóricos os inocentes.
Uns iluminados demais pela razão, outros cegos demais pelo instinto.
Uns só lembram ressentimentos, outros esquecem como sentir.
Uns vão aos extremos, outros a lugar nenhum.
Eu quero ser todos de mentira e nenhum de verdade.
Uns vaidosos por amarem quem os ama,
Outros se inferiorizam por não serem correspondidos.
Os mesmos que se compadecem dos desemparados,
Adulam os que julgam serem mais afortunados.
Individualistas humanitários, coletivistas autoritários.
Na guerra dos extremos, até os santos são guerreiros.
O que escarnece o outro, se vitimiza para o espelho.
O que vê tudo com malícia, teme sozinho a morte do amor.
O que proclama a liberdade, espera ansioso o dia seguinte.
Ambiciosos cheios de amigos, sábios que se exilam do mundo.
O que transa para não pensar, o que pensa para não transar.
Entre os extremos do riso e do choro, todo mundo é invisível na multidão.
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