terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Caleidoscópio Temporal


Há uma hora atrás eu percorria deslumbrado e lasso as ruas luminosas da cidade alta, cheias de cores que eu ainda não conhecia por ser guri de sete anos - eram só meus olhos que acompanhavam a rota necessária das gotas de chuva, indiscretas ao pintar apressadas o horizonte mínimo que se abre à janela de meu quarto trancado.

Há segundos atrás, enquanto se escreviam as linhas precedentes, eu tinha vinte anos - era só a ardência repetida de um corpo cheio de novos fluídos a se debater com uma alma senilizada pela leitura de aventuras impossíveis.

Tudo porque ontem fui um enrugado guru ancião, pintado da cabeça aos pés, cantando aos céus sortilégios com palavras ainda não inventadas, estas que só os bebês sabem reconhecer - eu era eternamente moderno.

Agora sou eu mesmo, vaga e ridícula palavra eu, graças aos céus que ainda não foram nomeados pelo homem - volto a ser ninguém. Salve.

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