quarta-feira, 28 de julho de 2010

PRETENSO MINI-CONTO CLARICIANO

O garoto olhou assustado, ansioso: ali atrás da cerca era um hipopótamo, dizia a placa de identidade. Tinha boca grande de desvirar homem em troço, mas só mascava um tempo de coisa já degustada; tinha peso de cair por cima, mas se punha debaixo d'água, deixando pra fora só duas orelhas rebaterem leves como as mãos de uma criança que não sabe falar. O garoto viu tudo isso, respirou fundo com prazer onde antes era duro de sentir, e soube, assim parado: era amor. Então, vomitou. Rápido, seco, num jato. Porque precisava sentir-se menino de novo.

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