O garoto olhou assustado, ansioso: ali atrás da cerca era um hipopótamo, dizia a placa de identidade. Tinha boca grande de desvirar homem em troço, mas só mascava um tempo de coisa já degustada; tinha peso de cair por cima, mas se punha debaixo d'água, deixando pra fora só duas orelhas rebaterem leves como as mãos de uma criança que não sabe falar. O garoto viu tudo isso, respirou fundo com prazer onde antes era duro de sentir, e soube, assim parado: era amor. Então, vomitou. Rápido, seco, num jato. Porque precisava sentir-se menino de novo.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
terça-feira, 13 de julho de 2010
pimentas
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Quem sabe uma ciranda trouxesse teu sonho de volta... Mas, eu sou um tolo por sonhar por você, não é mesmo? Então, vamos ser práticos: meu riso só quer liberar o espaço fechado que tua tensão me provocou. Você chama isso de orgulho; e eu, de pérolas aos porcos. Adeus.
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Tem gente que acha que para ser perfeito tem que ser solene. Mais vale uma criança de rua.
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Bateu uma coceira, sabe... Diga assim: "é tudo sexo". E eu direi pra mim: "você precisa trepar mais mais tempo e mais fundo. Olhando pra você eu penso: estou com uma preguiça justa e honesta de lutar contra quem já fui. Não luto mais contra a morte. É inútil. E prefiro sempre inventar que o dia é belo ou estranho. Parei de sentir tédio."
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Agora o mundo é meu quintal. Sei onde fica cada surpersa e mesmo assim cada nova vida em algum objeto mofado onde o sol não chega. E tomo um fôlego do Himalaia.
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Alô? Ah, é você dor... Sei... Está se sentindo sozinha hoje, dor? Veio para me dizer que a culpa é minha? Ora, ora... a senhora anda muito ressentida. Não sabe que o mundo é o mundo, sem eu ou você? Francamente, nunca pensei que a dor tivesse medo de assumir que sua carne não toca o céu, de que estamos no mesmo buraco, eu e você, tão exigente... É só. Passar bem.
maio/2010
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