quinta-feira, 21 de abril de 2011

o silêncio dos sábios no deserto

Eu gostaria de conhecer a sombra dos sábios no deserto. Pois existe uma grande confusão: ninguém é puro de coração. Os sábios são diplomatas das boas palavras, mas seu inferno está lá, como o nosso. E diante de tanta sabedoria a gente sai correndo de medo da nossa fraqueza,  se sustenta na certeza do prazer que foge o tempo todo. A gente se sustenta em alguma ilusão de beleza que contente o coração na hora negra para que possamos sorrir as prêsas competindo com a ilusão de felicidade do outro. Por isso a tentativa do amor romântico é sempre uma nostalgia de inocência. E gente reclama da dor só pra doer mais. E se você tiver coragem, vai chegar com um sorriso nos lábios à questão fatal: viver pra quê? Para o instante, você é obrigado a descobrir por trás dos sonhos. E quando você não aguentar a mentira da verdade, vai correr atrás de um sexo mais verdadeiro que o amor, vai procurar uns olhos que te olhem sabendo o que um bicho procura por trás das palavras. Vai querer dormir no colo de outro corpo que reconheça no seu cada cicatriz de mal querer. Quanto a mim, estou achando lindo o silêncio do tesão que arde imóvel, sem sair do peito quente numa véspera de feriado.