Domingo era o fim e o começo de tudo. O velho corpo desperto estalava novos sonhos nas antigas dores. O fim do filme na tevê sonolenta fechou nossos olhos nas muitas histórias que venderemos para ao mundo. Sim, saberemos fazer nossos irmãos sorrirem, e os inimigos serão irmaõs. Amanhã, na vida dura, usaremos um tempo de solidão no aprendizado privilegiado da arte, essa coisa qualquer. Saberemos o que faz brilhar os olhos de todas essas pessoas lá fora da janela, já muito satisfeitas das festas em trânsito e, juntos, riremos de todas as ilusões. Saberemos pôr seus corpos em ação no momento em que seria só tristeza, preguiça, mau-humor. Saberemos um amor melhor, sem nome ainda. Inventaremos esse mundo que nossos olhos já inventaram, em que todos já são belos e fortes e frágeis. Então, sem vanglória, dividiremos o pão inventando seu sabor. E o pão será apenas um pão.